Novamente vivo

A realidade da vida é dura. Verdade, ninguém o nega, mas há momento em que me olho ao espelho e gosto do que vejo, em que digo a mim mesmo que não vale a pena continuar a remoer algo que já não existe, que é apenas a obsessão de quem perdeu e não o quer admitir, em que me sinto realmente melhor, muito melhor do que fui no passado, em que vejo a figura ridículo que o Amor me obrigou a fazer, humilhando-me muito durante meses, em que sinto a necessidade de gritar palavrões pelo papel idiota que desempenhei neste processo todo, em que viajo pelo passado e relembro momentos felizes que já não me causam dor, em que me vejo apenas o meu reflexo no espelho e não uma pessoa triste, carregada de recordações e de dor...

Chegou a altura de deitar tudo para trás, lutar, seguir... Talvez ainda volte a sofrer com lembranças, mas agora sinto as presenças de outros e não apenas a de um. Já não é a primeira coisa em que penso de manhã, não enquanto estou sozinho no café (olhar as cadeira e lembrar-me quando ali estavas comigo), não enquanto passeio pelas ruas encaloradas desta minha aldeia, não enquanto viajo pela história da minha cidade, não enquanto vejo a Eurovisão, não enquanto trabalho no nosso escportugal.pt.vu e não enquanto adormeço...

E começo a ter também alguns sentimentos que estavam escondidos no meu interior, no meu fundo... Está-me a fazer bem sentir, está-me a tornar mais alegre, sinto-me assim, como me disse um grande amigo meu pouco tempo depois de ter passado por algo parecido, novamente vivo...